Sobre liberdade e confiança
Naquele final de tarde de verão a floresta parecia um gigante preguiçoso. Até os barulhos feitos pelos animais eram tranquilos e baixos, como quem quer guardar energia em um dia quente e abafado. Tinha se passado apenas um mês daquele terrível dia onde o sol tocou muito de perto a floresta e o fogo se alastrou, nada poderia ser pior. Pelo menos assim pensava aquele lindo animal enquanto sobrevoava a floresta tocando de leve os topos das árvores como quem cumprimenta um velho amigo.
Ao olhar para baixo o pássaro avistou um humano. Que sorte a minha! Pensou enquanto baixava sua altitude para parar em um galho próximo ao homem de roupas simples e chapéu marrom que se preparava para descansar em meio as sombras. Ele estava em êxtase por finalmente conhecer uma nova espécie de animal, ele tinha que se apresentar e fazer um novo amigo!
Por sua vez o homem olhou surpreso ao animal que parou a poucos centímetros de distância. Observou como ele parecia ter sido pintado de amarelo por dentro e azul por fora, a cor era tão viva que parecia estar olhando para uma fotografia. Chegou mais perto dele até tocar em seu longo bico preto, o pássaro nada fez, o que o deixou cheio de alegria!
Horas depois o pássaro ainda não entendia muito bem o que estava acontecendo. Porque será que seu novo amigo tinha lhe posto ali, onde ele tinha apenas um galho para poder colocar as patas? Não conseguia voar para mais longe, a todo momento batendo em algo novo que ele nunca tinha visto antes. Era cinza e lembrava em certos pontos os galhos queimados.
O homem fazia ligações e falava sobre valor e venda, nada disso fazia sentido para aquele pequeno ser que parecia grande demais para o espaço que ocupava. Tudo o que ele queria era falar para o homem como a floresta era linda lá de cima e perguntar para o outro as belezas do mundo de onde ele viera.